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O BREGA DE BRUMADO!

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ANTÔNIO NOVAIS TORRES

A PALAVRA BREGA tem vários significados, mas pejorativamente significa zona de prostituição ou prostíbulo, bordel, lupanar, casa de prostituição, casa de prazeres, casa de tolerância ou, popularmente, puteiro, é um estabelecimento destinado à prostituição, o qual, geralmente, atua muitas vezes de forma ilegal, uma vez que tal prática é considerada crime na maioria dos países. Ao permitir o funcionamento desses estabelecimentos, a polícia faz vista grossa. Dizem que o termo brega é de origem baiana.

Aqui em Brumado, o brega situava-se na Rua da Gameleira, o nome foi dado em função de uma grande gameleira existente no lugar, porém o nome oficial da rua é Ernesto Carneiro Ribeiro, que perdura até hoje.

Havia muita discriminação contra as mulheres que viviam da prostituição, a elite, os mais privilegiados socialmente, preconceituosamente se afastava dessas pessoas, como se fossem leprosas, não admitiam esse tipo de comportamento.

Apesar da discriminação e do preconceito, e da má fama do local, muita gente foi feliz, e certamente os velhos frequentadores sentem saudades desse ambiente.

Determinados pais quando uma filha se “perdia” a expulsava de casa, a vítima procurava uma casa de tolerância, onde era acolhida de bom grado e iniciava uma vida de prostituição para sua   sobrevivência.  A mãe, submissa e obediente ao marido, não questionava essa atitude, a decisão do marido era acatada.

Outras frequentavam esses ambientes, porque viviam em situação humilhante de pobreza, ou por necessidade financeira, era um meio para se manter.

Em Brumado na Rua da Gameleira e no bairro São Félix, se instalaram várias donas de casas de mulheres-damas que exploravam o sexo livre. O ambiente era frequentado pela população, onde se misturavam o povão e as pessoas da elite, sem preconceitos, ávidas para usufruir os prazeres sexuais.

 O BBR de Olavo da Gráfica, Cabaré de Vavazinha, cujo nome de batismo era Natalice Queiroz; de Tonha Preta; Rosa Bigode; Machadão; Lagartixa; Sônia; Preta boca de ouro; Patrícia; Margarida, Ormezinda, Dejanira conhecida por Deja, e outras.  Alição e Chiquinho Gavião, esses dois eram os únicos que tinham dancing com músicos como Dó, Cochila, Vava Leite e demais, inclusive Chiquinho Gavião que era músico e o seu cabaré era denominado O ANJO AZUL, esses dois a enchente de 1968 os derrubou.

Certa época, o delegado, um policial militar, sargento José Rodrigues, veio para Brumado, por indicação da Segurança Pública do Estado, a pedido, com a determinação de pôr ordem na casa. De temperamento agressivo, autoritário e valentão, era protegido pelos superiores. Incumbiu o soldado conhecido como Juriti que divulgasse, no meretrício, a nova ordem: “Só poderiam funcionar até às 22 horas, após esse horário seriam presos os frequentadores, inclusive o proprietário. Chiquinho Gavião se desculpou com os clientes, gozador, alegou que Brumado era terra que Juriti mandava em Gavião.

Nas casas rolavam músicas com discos de Waldick Soriano, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Odair José, Agnaldo Timóteo, músicas românticas da preferência das mulheres e dos ouvintes. O salão era todo enfeitado, a luz negra e ou vermelha, completavam o visual do ambiente. A dança que prevalecia nesses salões era a Gafieira, sendo que as normas de conduta eram respeitadas. Nesse espaço era exigido respeito e moralidade e todos obedeciam.

A dança Gafieira exige extrema agilidades dos dançarinos com bastante requebros do corpo e passos rápidos e os  da invenção da dupla, é uma coreografia bonita de se ver. Há especialistas nessa função.

Existia a figura do cafetão, uma espécie de explorador sexual, com o objetivo de lucrar com a prostituição alheia. Havia mulheres que se apaixonavam por algum homem e a ele era fiel, só fazia michê quando ele não estava presente. Algumas abandonaram a vida pregressa, se casaram e constituíram família.

Na região da brega de Brumado destacavam-se Nadinho da Buchada no sobrado da Rua da Gameleira, e o bar de Bigodão, comerciantes que abasteciam os boêmios.

Tiãozito  era o cantor na casa de Alição e frequentador diário do ambiente.

“Ata de 03 de novembro de 1960, com apoio de diversos vereadores, Beltrão Gomes Ataíde e Antonio Miranda Machado sugeriram a mudança da Rua da Gameleira para logradouro distante do centro da cidade, as mulheres que viviam da prostituição.

Assinaram os vereadores:    Miguel Dias; Raul Santos; Pedrina Rizério de Carvalho; Ubaldo Silveira Leite; Leobino Guimarães; Beltrão Gomes Ataíde; Hermes Alves Teixeira; Hindemburgo Mendonça Teles; Antonio Miranda Machado; Paulo Afonso Valverde chaves; Ludgero da França Ribeiro e Catarino da silva”.

O preconceito da elite contra as prostitutas era visível. Esses vereadores achavam que neste espaço da prostituição no centro da cidade agredia e incomodava as pessoas que transitavam no local.

Com as exigências sociais e o preconceito, várias casas de mulheres-damas mudaram para o bairro do São Félix, que por muito tempo, foi discriminado por abrigar mulheres de vida livre, tidas como prostitutas que viviam como profissionais da atividade sexual. Atualmente não se ostenta mais essa pecha.

 Em decorrência desse ato, surgiram várias doenças sexualmente transmissíveis. Na ocasião não existia a camisinha e o tratamento era feito por meio de antibióticos ou mezinhas.

Hoje, não existem mais os bregas e cabarés, caíram em decadência, os tempos mudaram e com ele a população procurou outros meios de satisfazer suas perversões   e os seus desejos sexuais. Existem os motéis, lugares onde as virtuais prostitutas incubadas exercem a sua profissão, e os locais de encontros, aliás trata-se da profissão mais antiga da humanidade.

ACONTECIMENTOS: Na noite de 9 de maio de 1961, o policial, conhecido como Toureiro, fazia revista dos frequentadores do brega, que por qualquer motivo, ao abordar o sujeito Armindo Silva conhecido por ‘Mindo’, na discussão o soldado Toureiro deu um bofetão no rosto de ‘Mindo’ e o ameaçou de prisão.

Para se vingar, ‘Mindo’ juntou-se ao irmão gêmeo, conhecido como os mabaços. No brega atraíram o soldado, lhe deram  uma punhalada e fugiram, porém na fuga,  o Toureiro na ânsia da morte acertou um tiro no joelho de ‘Mindo’, este recorreu ao prefeito,  seu padrinho, que prosava no banco do  jardim  em  frente da sua  casa  com um vereador, contou uma história não verídica, pedindo socorro,  então o prefeito   incumbiu o vereador que com outro vereador amigo,  levaram   o acidentado para atendimento  médico  no ambulatório médico da Magnesita S.A. em  Catiboaba, pois este era empregado da empresa Magnesita S.A. Este fato motivou a oposição política a articular um plano de que o vereador, em apreço, deu fuga ao criminoso, portanto conivente com o fato. O Mindo chegou a ser preso.

Os colegas partidários do vereador apresentaram Moção de solidariedade por ele ser vítima injustamente de especulações da oposição.  Sessão da Câmara 18 de maio de 1961.

Outro acontecimento foi uma briga de um frequentador do ambiente, de nome Perivaldo com amásio de Alição, que utilizando-se de um facão, cortou dois dedos da mão do adversário, o qual acompanhado dos pais, recorrem ao médico José Dantas (Dr. Zezito) que fez o atendimento e a amputação da parte atingida. No recinto exigia-se respeito e bons modos do contumaz ou eventual frequentador, talvez esse fosse o motivo da desavença.

Declaração de Sebastião Alberto Araújo no Facebook:

Acrescentando lembranças: duas das minhas colegas no primário foram para a prostituição pelo motivo que foi citado; o crime de Toureiro em (1963 [?] foi nas imediações da JO Neves; eu estava brincando na porta do consultório de Zezito Dantas quando Perivaldo chegou amparado por D. Maria e seu Jesuíno Lisboa. Quem lhe decepou dois dedos foi o marido [amásio] de Alição.  Acho que foi bagunça de Perivaldo.

6 comentários em “O BREGA DE BRUMADO!”

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