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Vestibular: obsessão e ansiedade por resultados diminuem potencial do impacto de formação no Ensino Médio para a vida  

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Para Juliana Storniolo, diretora de ensino, a etapa deveria priorizar autonomia, projeto de vida e competências essenciais, e não apenas a preparação para provas 

Por: Vitória João Luz (sistemas@comuniquese4.com.br)

Em um cenário em que o vestibular ainda é tratado como protagonista em muitas escolas durante o Ensino Médio brasileiro, cresce o debate sobre o verdadeiro papel dessa etapa na formação dos jovens. Mais do que preparar para uma prova, o Ensino Médio precisa ser um espaço de desenvolvimento humano, social e emocional, um momento de descoberta de propósito e de construção da autonomia.  

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024 56% das pessoas com 25 anos ou mais haviam concluído a educação básica, o maior índice da série histórica. O dado revela avanços, mas também reforça a importância de garantir que essa formação seja significativa e conectada ao mundo real. 

Para Juliana Storniolo, diretora de ensino da FourC Bilingual Academy, o Ensino Médio deve ser entendido como um espaço de projeto de vida, e não apenas de preparação para exames. “É o momento em que os adolescentes estão desenvolvendo a própria identidade, tomando decisões, construindo a autonomia e fazendo escolhas”, afirma. “Por isso, é uma etapa que precisa continuar promovendo pensamento crítico, colaboração, responsabilidade social, comunicação e resolução de problemas, competências essenciais para qualquer futuro, independentemente da profissão ou do vestibular que eles vão prestar.” 

Ela explica que restringir o Ensino Médio à preparação para o vestibular significa limitar o potencial dos estudantes. “O mundo real existe muito mais do que a memorização de conteúdo. As universidades e o mercado de trabalho querem jovens que consigam pensar, que consigam aprender sempre onde estiverem, que sejam capazes de trabalhar em equipe e que tenham autonomia ética para tomar decisões”, destaca. Para a educadora, quando o foco está apenas na prova, forma-se “um estudante dependente do professor e ansioso por resultados”. Mas, quando a escola amplia o olhar para competências e propósito, “forma jovens protagonistas, mais preparados para qualquer processo seletivo e para qualquer momento da vida”. 

Em locais como a FourC Bilingual Academy, essa filosofia se traduz em um currículo que parte do perfil do estudante que a escola deseja formar. O objetivo é desenvolver jovens com pensamento crítico, senso de cidadania e capacidade de colaboração, que saibam agir de acordo com seus valores e escolhas. “Nosso foco é construir uma cultura de pensamento, e não de repetição”, explica Juliana. “Trabalhamos com projetos interdisciplinares baseados em problemas reais, desenvolvemos habilidades executivas como gestão de tempo, organização e autoavaliação. Temos um sistema de avaliação contínua, em que a prova é apenas uma das ferramentas. Assim, o aluno entende o porquê de estar aprendendo, e não apenas o que precisa entregar.” 

Ainda assim, ela reconhece que o Ensino Médio brasileiro enfrenta desafios importantes. “A obsessão pelo vestibular acaba impedindo inovação pedagógica, porque as escolas precisam se preocupar apenas com o exame”, aponta. “Isso gera currículos mais engessados, que têm dificuldade de se conectar com o mundo e com a vida real. Além disso, falta formação e apoio para que os professores consigam migrar de um currículo tradicional para uma prática mais ativa.” 

Para Juliana, a transformação começa com uma simples mudança de perspectiva. “A pergunta que o Ensino Médio precisa se fazer não é apenas ‘para que prova eu estou te preparando?’, mas ‘que aluno eu estou formando?’”, reflete. “Quando a escola assume a responsabilidade pela formação integral acadêmica, social, emocional e ética, ela acaba preparando também para o vestibular, mas o foco precisa estar na vida, não só em uma prova.” 

Foto: Divulgação

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 755